Seriam as lendas apenas invenções do povo para amedrontar ou impressionar as pessoas, ou seriam baseadas em fatos reais?
O relato a seguir mostra que os conteúdos das lendas são muito mais do que simples invenções ou histórias de ficção!
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Esta historia aconteceu comigo e ainda não posso explicar em termos racionais o que era, a não ser admitir o sobrenatural.
Quando eu tinha 15 anos (agora tenho 23) eu morava próximo a um pesqueiro na cidade de São Roque - SP [Coordenadas: Latitude, Longitude: 23°31'50.78" S, 47° 8'7.77" W], onde existiam muitos pés de pêra.
Era um lugar lindo durante o dia, mas à noite se tornava meio assustador porque não existia iluminação alguma naquela área onde se encontravam os pés de pêra, somente muitos metros depois é que se podiam ser vistas as luzes que ficavam próximas do grande lago que ali existia.
O mais assustador é que sempre alguns moradores dali, principalmente os mais antigos, comentavam que um dos funcionários daquele pesqueiro se transformava num grande lobo durante as noites de lua cheia.
Claro que nem eu nem meus amigos acreditávamos nessa bobagem.
Mas o fato que vou relatar agora nos fez mudar de idéia.
Como todo garoto da nossa idade, nós sempre pulávamos a cerca do pesqueiro para poder assim colher algumas pêras e ficar comendo ali mesmo. É claro que tínhamos que fazer isso escondidos, então nós íamos sempre que começava a escurecer.
Só que um dia nós resolvemos ir lá muito mais tarde do que de costume. Já havia caído à noite a muito tempo, e acredito que já fossem umas 20:30 hs mais oui menos.
Mas mesmo assim, pegamos os canivetes que usávamos para cortar as pêras, mas também fizemos isso por pura diversão, pois nessa época em nossa turma era como um hobbie cada um possuir um canivete, sendo quanto mais diferente melhor.
O meu tinha o cabo vermelho, de um lado tinha a lâmina lisa e do outro lado da mesma lâmina tinha um serrilhadinho, tipo aquela faca do rambo. Eu adorava ele.
Indo para o lado do pesqueiro, estavamos conversando distraídos quando um uivo meio rouco e bem grave interrompeu nossa conversa.
O som tinha vindo do mesmo lado em que caminhávamos, e a estrada de terra de repente nos pareceu assustadora.
A vegetação alta ao seu redor parecia ocultar algum mistério.
Mesmo assim seguimos em frente. Parece que quando somos mais jovens somos também mais corajosos.
Chegando à cerca que dividia a estrada do pesqueiro, dois de nós entramos e dois ficaram fora para vigiar.
Eu subi no pé de pêra mais carregado que tinha, e com meu canivete cortei os galhos que seguravam as mais suculentas pêras e ia jogando para meu amigo lá embaixo. Estava tudo bem até que pude perceber um movimento no mato que ficava mais adiante.
Não poderia ser o vento porque o matagal se movia em sentidos diferentes.
Então falei para meu amigo o que tinha visto e ele também notou algo, e resolvemos nessa hora ir embora.
Meu amigo sumiu na frente enquanto eu descia da árvore. No que eu estava no último galho notei aquele bicho apavorante sair de trás de uma pedra.
Estava escuro e somente a luz do luar iluminava aquela coisa.
Notei que aquilo estava vindo em minha direção, então subi novamente o mais rápido que pude na árvore e fiquei quieto, nem mesmo minha respiração era possível ouvir.
O animal foi chegando mais perto e pude notar que não se tratava de uma onça ou de um cachorro grande.
Aquilo tinha dentes enormes que mal cabiam na boca, olhos cor de sangue, não tinha rabo, suas patas pareciam mãos humanas só que mais compridas e com grandes garras nos dedos. Ele fungava como se pudesse me farejar.
Agora estava bem debaixo da árvore em que eu estava!
Pude ver também seu pêlo, era meio ralo, de uma cor acinzentada, suas orelhas eram na lateral da cabeça e compridas como as orelhas de um cão . Eu juro que nunca tinha visto aquilo, era algo que só de lembrar ainda hoje me causa medo. Mas o medo maior foi na hora em que aquele bicho olhou direto pra mim!
Eu estava entre os galhos mas mesmo assim ele me viu!
Eu garanto que ele olhou direto nos meus olhos, e nessa hora eu gelei, achei que iria morrer.
Pensei em descer e sair correndo mas aquela coisa começou a arranhar o tronco do pé de pêra querendo subir.
A essa altura meus amigos já estavam longe, e foi quando me lembrei do meu canivete, o único amigo que nunca me abandonaria.
Peguei ele do meu bolso e fiquei esperando aquilo chegar mais perto de onde eu estava.
Quando o bicho chegou com a cabeça próximo de mim tentando me morder, eu me encolhi ainda mais e cravei com toda força meu canivete no lado esquerdo do seu rosto horrendo.
Nem esperei. Na mesma hora pulei da arvore, e corri como doido para a cerca, olhei de longe e o bicho estava caído no chão tentando tirar meu canivete do rosto mas suas patas não tinham nenhuma destreza.
Pulei a cerca, me arranhei todo e corri, corri como nunca.
Na estrada ainda pude ouvir um uivo horripilante vindo de onde estava aquela criatura.
Cheguei na rua de casa e meus amigos estavam se preparando para me buscar , cada um com um pedaço de pau nas mãos, confesso que aquela cena foi meio engraçada. Contei a eles o que tinha ocorrido e eles acreditaram em mim.
No dia seguinte, num sábado, fomos até o pesqueiro como quem não quer nada, só para que eu pudesse mostrar para eles o lugar onde tudo aconteceu.
Chegamos lá, pescamos um pouco para não levantar suspeita, e depois eu os levei até a árvore, confesso que estava esperançoso para achar meu canivete caído por lá, mas tudo o que encontramos foram umas marcas de unha na árvore, um pouco de pêlo cinza no chão, e nada mais.
Depois fomos almoçar por lá mesmo. Nos sentamos e chamamos o garçom para fazer os pedidos.
Eu estava doido por um filé de pescada. No que chega o garçom notei que ele tinha um curativo enorme no rosto e era bom onde eu tinha acertado o canivete.
Meus amigos se olharam e olharam para mim, todos estávamos brancos de pavor.
Tínhamos finalmente desvendado a verdadeira identidade do LOBISOMEM?!
Disfarçamos e saímos dali rapidinho.
No momento em que me levantei da cadeira ainda pude notar preso no cinto do garçom o meu tão querido canivete que me salvou naquela noite de terror. Estava mais do que comprovado quem era o lobisomem do pesqueiro.
Nunca mais fomos para aqueles lados de noite, mas ás vezes o silêncio da madrugada é quebrado por um uivo atormentador que parece ecoar por toda a cidade....
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Robson
São Roque - S.P. - Brasil |
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